domingo, 23 de maio de 2010

"De todo mundo que eu vi de costas, partindo, foi a vez que mais doeu. Talvez porque um pouco antes, quando eu ainda amava sua nuca e sua eterna mochila nas costas como amei poucas coisas na vida, você se virou, apontou o dedo pra mim, e gritou, com pouco ou nenhum carinho: você é um caminhão! Caminhão! Caminhão!
E eu sei, e eu tentei mais do que nunca, e eu quis mais do que nunca. E eu achei que os caminhões também pudessem ter donos e direções e medalinhas. Você também me usou pra levar sua mudança e voltar vazia das suas coisas é a coisa mais triste que já aconteceu na minha vida."

sábado, 22 de maio de 2010

"Vira e mexe tenho essa vontade de cortar alguma parte do meu corpo, para ver se esguicho pra longe esse sangue contaminado que incha meu corpo de dor e me emagrece de vida. Tenho vontade de me fazer feridas porque parece mais fácil cuidar de um machucado externo e curável.
Eu tenho um milhão de motivos pra fugir de pensar em você, mas em todos esses lugares você vai comigo. Você segura na minha mão na hora de atravessar a rua, você me olha triste quando eu olho para o celular pela milésima vez, você sente orgulho de mim quando eu solto uma gargalhada e você vira o rosto se algum homem vem falar comigo. Você prefere não ver, mas eu vejo você o tempo todo.
Eu torço pra não fazer Sol, eu torço pra não chover, eu torço para acordar no meio do dia, eu torço para o dia acabar logo. Eu torço para ter alguma coisa que me faça torcer, que me diga que eu ainda sei torcer por algo mesmo sem torcer pela gente.
Às vezes tento não ser eu, porque se eu não for eu, eu não sentirei essa dor. Mas o amor é tanto que até as outras todas que eu posso ser também o sentem.
Hoje menos que ontem, amanhã menos que hoje, e por aí vai. Vou implodir esse gigante dentro de mim e soltar seu pó a cada manhã sem fome que faz doer o corpo todo, a cada banho sem intenção, a cada tarde sem recompensas, a cada noite sem magia, a cada madrugada sem paz."