quarta-feira, 23 de junho de 2010

Porque nada do que você disser muda as coisas que você faz

É, então tá, vou chorar baixinho, fingir que tudo bem, vestir minha capa de frieza e dizer pra mim mesma: "Não, não precisa". Aí meu olho vai arder de um jeito esquisito e vou lembrar do meu pai me censurando por ser assim. Só que eu minto e digo que o nariz vermelho é só alergia - e aproveito pra enganar a mim mesma, tomo dois anti-alérgicos e quem sabe um anti gripal, só pra garantir o sono. Mas até aquele sensação de cápsula - porque esses remédios me fazem sentir de um jeito que não sinto, sei lá - eu fico parada, ardendo, apaixonada, doendo, esperando. Mas a cama continua vazia, a campainha continua quieta e eu vou continuar sozinha, enquanto você passa a noite acordado, com uma companhia melhor do que eu.
E amanhã vou fingir que esqueci - e que não me importei com o nada que ficou comigo o dia todo - enquanto te vejo dormir, querendo socar sua cara que fica inchada de um jeito engraçado. Só que você, meio acordado, sorri, me abraça e murmura um 'te amo' tão lindo que eu fico boba de novo. E mesmo sabendo que mais tarde vou continuar parada, ardendo, apaixonada, doendo e esperando, eu sorrio de volta e finalmente durmo de verdade.