quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Possibilidades

Às vezes eu paro pra pensar em todas aquelas coisas ridículas de quem se acha muito adulta e madura. Se pudesse te ter de volta, corrigiria tudo aquilo. Nunca mais ficaria brava com você por todas as suas escolhas erradas nos meus sonhos. Te diria todas as coisas que me apertavam o peito e faziam minha garganta arder e você não precisaria caçar um texto meu na internet pra entender que eu fiquei magoada quando você dormiu até oito da noite. Não deixaria você passar pela porta naquele dia depois de tantos tapas na cara (talvez tivesse retribuído com um soco nesse seu nariz tão bonito, pra então quem sabe a gente ter um motivo real pra brigar), você também perderia a prova - e em meio à neura de bombar a porra da matéria de novo, daríamos um jeito de fazer as pazes (entre choros e beijos e abraços e suor e pele) que acabaria com a enxaqueca e a vergonha de mostrar as caras pro mundo que me acompanharam por uma semana.

Não sentiria ciúmes da sua prima-de-não-sei-que-grau que você pegou em alguma férias no Nordeste porque era moleque-safado-e-cheio-de-hormônios e ela uma piranha. Aliás, não brigaria mais por piranha nenhuma, porque mesmo sendo monga eu sempre soube que você gostava de eu gostar daquele tipo de coisa e era isso que mantinha meu sorriso abobalhado pela manhã - você não iria a lugar algum. E ao invés de virar a cara e fazer birra, diria que ver você ir embora todos os dias por qualquer coisa babaca como futebol ou o medo de te "expulsarem da república porque eu não passo tempo com eles" me matava e fazia me sentir dessas que não merecem nem uma despedida decente além de um "abre lá pra mim", imagina então dormir de conchinha depois de tudo o que você quisesse. Lembra daquelas vagabundas de quem você vivia rindo porque se sujeitavam a esse papel com os caras da FEG? Até elas mereciam carona pra casa, enquanto você escondia minha chave e me empurrava pra fora do quarto pros outros me verem chorar e parecer louca enquanto volto pra casa de madrugada na chuva, bêbada e sozinha. Mas tudo bem, nada disso aconteceria porque eu não ia brigar por nem lembro mais que motivo.

Não iria neurótica fuçar seu histórico de conversas com aquele cara que você dizia ser um babaca e descobrir sua paixonite que nunca me foi secreta por aquelas duas meninas da sua sala. Aliás, viraria amiga de uma delas como você queria - se esse ano eu consegui superar toda essa história de ter que odiar ela pra sempre porque ela é uma-gostosa-que-você-queria-foder-e-era-um-bom-motivo-pra-ir-para-as-aulas, por que não superar antes?

Eu te pediria pra ver estrelas deitados na cama com a janela aberta mais vezes, te contaria da agonia gostosa que sentia no carinho na dobrinha do braço e te diria que tudo bem não conseguir ver explosões cósmicas e anjos tocando harpas todas as vezes, porque o que eu tinha já era excepcionalmente perfeito: todo o romance e as propostas silenciosas e olhares constrangedores e o jeito de perceber um ao outro que mostravam que você me completava e vice-versa. Depois de entender o quanto eu precisava crescer, acho que mudaria basicamente tudo - menos todo o amor que eu sentia e ainda sinto por você.

Nenhum comentário: